terça-feira, 8 de maio de 2012

OAB e ONGs denunciam pistolagem nas aldeias e pedem segurança aos líderes

Comissão de Direitos Humanos da OAB e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciam mortes em aldeias indígenas 


 
 Em entrevista coletiva, realizada na tarde de ontem (7), no auditório da Ordem dos Advogados (OAB/MA), a Comissão de Direitos Humanos da OAB e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciaram três mortes em aldeias indígenas na reserva Canabrava, sendo duas com grandes características de crime de pistolagem. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Luís Antônio Pedrosa, falou da situação precária em que os índios vivem e pediu que as autoridades façam cumprir os direitos indígenas e que a Secretaria de Segurança Púbica e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ofereçam segurança às aldeias do Território Indígena Canabrava.
Luís Antônio Pedrosa contou que na semana passada, na quarta-feira (2), realizou uma visita junto com representantes do Conselho Indigenista Missionário, Pastoral Indigenista/Diocese de Grajaú, Comissão Pastoral da Terra e a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, ao Território Indígena Canabrava, que abrange os municípios de Grajaú, Barra do Corda e Jenipapo dos Vieiras. A OAB junto com as demais entidades tomaram conhecimento de casos graves ocorridos dentro das aldeias, como estupros, mortes, tráfico de drogas, roubos a cargas, comércio ilegal de madeira e a ameaça de mortes a quatro indígenas.
Na Aldeia Coquinho, o cacique José Luciano Clemente, de 50 anos, disse ter sido ameaçado de morte por traficantes, estupradores e quadrilheiros que invadiram o território. O cacique contou ainda que mais três lideranças receberam ameaça de morte, Marciliano Clemente Guajajara, 33, da Coquinho; Marcelino Clemente Guajajara, 37, da Aldeia Ilha de São Pedro; e Raimundo Carlos, da Aldeia Bananal, do Território Indígena Bacurizinho. “Pedimos às autoridades, segurança aos indígenas, para que esse povo possa viver de forma digna e que não tenham a vida ceifada por bandidos. A nossa preocupação é que nenhuma medida seja tomada e a situação dos caciques se agrave”, disse Antônio Pedrosa.
Os indígenas pediram punição dos envolvidos em três mortes violentas nas aldeias, sendo a mais recente no dia 28 de abril, às 18h30, vitimando a cacique da aldeia Coquinho 2, Ana Amélia Guajajara, de 52 anos, morta na frente de seus familiares com dois tiros efetuados por pistoleiros, que estavam numa moto. No dia 9 de março, o agente indígena de saúde, Francisco da Conceição Sousa Guajajara, 34, foi executado com quatro tiros na cabeça na porta de sua casa, por dois homens também de motocicleta. “Estamos denunciando esses casos de pistolagem e pedimos a punição dos mandantes e executores. Ninguém está imune aos pistoleiros que atuam no Maranhão”, falou Antônio Pedrosa.
A terceira morte registrada nas aldeias ocorreu no dia 2 de março, tendo como vítima Maria Sara Gregório Guajajara, de 13 anos, morta por estrangulamento pelo próprio companheiro não indígena, na cidade de Grajaú. A vítima estava grávida há alguns meses.
Na visita de quarta-feira, foi constatado que as aldeias Coquinho e Conquinho 2, situadas às margens da rodovia federal BR-226, sofrem há mais de sete anos com a espera de uma perfuração de um poço artesiano. Na Coquinho 2, os indígenas Guajajara não possuem energia elétrica, posto de saúde, telefone, veículos para transportar doentes das aldeias para o hospital da sede do município de Grajaú, a 76 quilômetros. E ainda que a abertura da rodovia, dentro do território indígena, com a falta de fiscalização dos órgãos competentes, tem facilitado à invasão de madeireiros e de não indígenas no território, para ação criminosa nas aldeias.
Rosana Santos, presidente do Conselho Indigenista Missionário, recebeu algumas reivindicações dos índios e compartilhou durante a entrevista coletiva. Os indígenas querem segurança para evitar assaltos e prender os culpados; proteção das lideranças ameaçadas de morte; instalação do Posto de Vigilância para controlar entrada e saída de pessoas do Território Canabrava; recadastramento das pessoas não indígenas que moram nas aldeias; perfuração do poço e assistência à educação e saúde.
Os caciques das aldeias denunciaram à OAB os nomes de cinco pessoas acusadas de estupros, pistolagem e roubo a carga. Os nomes não foram divulgados para não atrapalhar a ação da polícia, mas dois deles não são índios casados com índias e dois seriam do município de Codó. “Enviamos as reivindicações dos indígenas, juntamente com o nome dos denunciados pela prática dos crimes, à Secretaria de Segurança Pública e à Polícia Rodoviária Federal e vamos aguardar um posicionamento e atitude das autoridades para coibir esses crimes na terra indígena”, completou Antônio Pedrosa.

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